Faculdade de Medicina de Marília: Disciplina de Embriologia Humana

 
   
 
 
 
 

Sistema Nervoso (Parte 3)

Desenvolvimento do Sistema Nervoso Periférico

Derivado de células da crista neural. As fibras motoras que saem da medula começam a aparecer por volta da 4ª semana, formando a raiz nervosa ventral. A raiz nervosa dorsal é formada pelos prolongamentos centrais dos neurônios do gânglio espinhal. A raiz nervosa ventral mais os prolongamentos periféricos das células do gânglio espinhal formam o nervo espinhal (misto). O nervo espinhal divide-se em:

1) Ramo primário ventral: inervação dos membros e da parte ventrolateral da parede do corpo; formam os plexos nervosos principais (braquial e lombossacro).

2) Ramo primário dorsal: divisão menor; inerva a musculatura axial dorsal, as vértebras, as articulações intervertebrais posteriores e a parte da pele das costas.

Os nervos cranianos (Figuras 1 e 2; Quadro 1) se formam durante a 5ª e 6ª semana de desenvolvimento, com exceção do nervo olfatório e do nervo óptico, todos os outros nervos cranianos se originam do tronco encefálico. O corpo celular dos neurônios motores estão localizados nos núcleos cranianos no tronco encefálico, enquanto o corpo celular dos neurônios sensoriais estão localizados em gânglios sensoriais fora do encéfalo.

Nervos cranianos somáticos eferentes:

Seus axônios estão distribuídos para os músculos derivados dos miótomos da cabeça:

1) Nervo hipoglosso (NC XII): inerva os músculos da língua.

2) Nervo abducente (NC VI): inerva o músculo reto lateral do olho.

3) Nervo troclear (NC IV): inerva o músculo oblíquo superior do olho.

4) Nervo oculomotor (NC III): inerva os músculos superior, inferior, retos mediais, oblíquo inferior e levantador da pálpebra do olho.

Nervos dos arcos faríngeos:

1) Nervo trigêmeo (NC V): nervo do primeiro arco faríngeo, é o principal nervo sensitivo da cabeça, inerva também os músculos da mastigação.

2) Nervo facial (NC VII): nervo do segundo arco faríngeo, inerva os músculos da expressão facial.

3) Nervo glossofaríngeo (NC IX): nervo do terceiro arco faríngeo, inerva o músculo estilofaríngeo, as glândulas parótida e lingual posterior, fibras gustativas para a região posterior da língua.

4) Nervo vago (NC X): nervo do quarto e sexto arcos faríngeos, inerva o coração, intestino anterior e médio, os músculos cricotiróideo, constritores da faringe e da laringe.

5) Nervo espinhal acessório (NC XI): inerva os músculos esternocleidomastóideo e trapézio.

Nervos sensoriais especiais:

1) Nervo olfatório (NC I): responsável pela olfação.

2) Nervo óptico (NC II): responsável pela visão.

3) Nervo vestibulococlear (NC VIII): constituído por dois feixes de fibras sensoriais: nervo vestibular: responsável pelo equilíbrio; nervo coclear: responsável pela audição.

Fonte: Sadler (2005).


Desenvolvimento do Sistema Nervoso Autônomo

Derivado de células da crista neural. A aferência do sistema nervoso autônomo possui dois neurônios: um pré-ganglionar e um pós-ganglionar.

As células derivadas das cristas neurais não somente permanecem nos gânglios espinhais, mas também migram para outras áreas periféricas e se tornam células-fonte para a formação de todo o sistema nervoso autônomo, cujos derivados além de inervar os órgãos acomodados nas cavidades corporais e suas coberturas (pleura, peritônio, etc.) também formam paragânglios (medula da glândula supra-renal), melanócitos e diferentes células especializadas. Formam os gânglios paravertebrais e o tronco simpático.

Dividido em:

Sistema Nervoso Simpático: os neurônios pré-ganglionares originam-se dos segmentos toracolombares (T1-L2) da medula espinhal; os gânglios simpáticos formam: (a) os troncos simpáticos (Figura 3), em cada lado dos corpos vertebrais; (b) os gânglios pré-aórticos, ventralmente à aorta; (c) plexos simpáticos dos órgãos, localizados perto dos órgãos.

Sistema Nervoso Parassimpático: neurônios pré-ganglionares originam-se do tronco encefálico e dos segmentos sacrais da medula espinhal (S2-S4); os gânglios parassimpáticos estão localizados próximos aos órgãos inervados. Fibras pré-ganglionares craniais originam-se do tronco encefálico e emergem dos nervos cranianos oculomotor, facial, glossofaríngeo e vago (Figura 3). As fibras pós-ganglionares originam-se de alguns gânglios da cabeça (ciliar, pterigopalatino, ótico e submandibular), ou nos gânglios terminais da parede das vísceras torácicas e abdominais (nervo vago).

O sistema nervoso entérico (SNE) (Figura 4) origina-se do vago e do sacro e constitui a divisão maior e mais complexa do sistema nervoso periférico, contendo mais neurônios do que a medula espinhal. Todos os componentes do SNE originam-se de precursores que migram para o intestino do vago e/ou da crista neural sacra.

Bibliografia Consultada:

Schoenwolf GC, Bleyl SB, Brauer PR, Francis-West PH. Larsen embriologia humana. 4a ed. Rio de Janeiro (RJ): Elsevier; 2009.

Moore KL, Persaud TVN. Embriologia clínica. 8a ed. Rio de Janeiro (RJ): Elsevier; 2008.

Moore KL, Persaud TVN. The developing human: clinically oriented embryology. 7th ed. Philadelphia: WB Saunders; 2003.

Sadler TW. Langman embriologia médica. 9a ed. Rio de Janeiro (RJ): Guanabara Koogan; 2005.

Cochard LD. Atlas de embriologia humana de Netter. Porto Alegre (RS): Artmed; 2003.

Rohen JW, Lutjen-Drecoll E. Embriologia funcional: o desenvolvimento dos sistemas funcionais do organismo humano. 2a ed. Rio de Janeiro (RJ): Guanabara Koogan; 2005.

 
 

Figura 1 – Esquema ilustrativo dos nervos craniano

Fonte: Cochard, 2003

Figura 2 – Esquema ilustrativo da distribuição dos nervos cranianos em um embrião de 5 semanas e em um adulto

Fonte: Moore & Persaud, 2003

Figura 3 – Esquema ilustrativo de alguns componentes do sistema nervoso autônomo: nervo vago (sistema nervoso parassimpático), tronco simpático, plexos hipogástrico, cardíaco e autônomo abdominal e nervos esplâncnicos

Fonte: Rohen e Lütjen-Drecoll (2005).

Figura 4 – Esquema ilustrativo do sistema nervoso entérico

Fonte: Rohen e Lütjen-Drecoll (2005).